
O silêncio foi quebrado pelos aplausos e pelo disparar das câmaras quando nove estudantes do ensino secundário saíram da estação que simula o Marte no Observatório do Lago Alqueva, perto de Monsaraz, completando com sucesso a primeira missão análoga do projeto EXPLORE. De 23 a 27 de junho de 2025, estes jovens da Áustria, Grécia e Portugal foram astronautas por uma semana, trocando o seu quotidiano por uma experiência desafiante num ambiente isolado em pleno Alentejo.
Esta missão pioneira foi uma ação conjunta dos parceiros do projeto: o Fórum Espacial Austríaco (OeWF), o NUCLIO, a escola grega Ellinogermaniki Agogi (EA), o Comité de Investigação Espacial (COSPAR) e o Observatório do Lago Alqueva (OLA).
Desde o primeiro dia, quando chegaram ao local e tiveram a oportunidade de ver, pela primeira vez, o Centro de Apoio à Missão (na Terra) e o Habitat (que simula uma estação em Marte), os estudantes empenharam-se nesta nova experiência, assumindo as suas funções e responsabilidades com profissionalismo. Adotando à vez os vários papeis a desempenhar: Diretor de Voo, Apoio Científico Remoto, Oficial de Procedimentos e Registos, Media, Apoio em Terra, Plano de Voo e tripulação de campo (Comandante e Astronautas Análogos 1 e 2), conduziram a missão sozinhos, sem ajuda externa.
O líder do projeto, Gernot Grömer (OeWF), afirmou: “Uma missão simulada a Marte apresenta desafios únicos – desde o esforço cognitivo e mental aos desafios de trabalhar num ambiente internacional, interdisciplinar e intercultural, num contexto imersivo e tecnologicamente avançado. No entanto, estes nove estudantes não só enfrentaram estas condições, como também evoluíram nesta jornada de aprendizagem com autodisciplina, resiliência e um nível verdadeiramente impressionante de dedicação e entusiasmo. Fiquem atentos a esta geração de futuros exploradores: serão eles que irão realizar a primeira missão humana a Marte.”
Missões análogas, como esta, são cruciais para a preparação das missões espaciais reais. Proporcionam simulações realistas das condições extremas encontradas em Marte ou na Lua, permitindo o teste de equipamentos, procedimentos e o estudo dos efeitos psicológicos e fisiológicos do isolamento nas tripulações. A paisagem árida e avermelhada em redor do Observatório do Lago Alqueva assemelha-se bastante ao terreno de Marte, tornando-se um local ideal para estas simulações.
A presidente do NUCLIO, Rosa Doran, comentou o impacto da missão: “A transformação que observámos nestes alunos ao longo da missão foi notável. Este tipo de experiência de aprendizagem prática e imersiva é crucial para o desenvolvimento de competências essenciais como a resolução de problemas, a colaboração e a adaptabilidade. Estou ansiosa por acompanhar o progresso destes jovens. E não podemos esquecer os seus colegas de turma, que trabalharam nos bastidores para os apoiar, acompanhando-os à distância, uma parte tão vital da missão como os próprios astronautas análogos.”
Participaram nesta missão três alunos portugueses de três escolas diferentes: Patrícia Ferreira Miguel, do Agrupamento de Escolas Professor Agostinho da Silva (concelho de Sintra), Frederico da Fonte de Jesus, da Escola Secundária de Paredes (distrito do Porto), e Pedro Rodrigues Gonçalves, do Agrupamento de Escolas Frei Gonçalo de Azevedo (concelho de Cascais), acompanhados pela professora de Física e Química Teresa Sousa, também da Frei Gonçalo de Azevedo. Todos nos deram o seu testemunho.
Para a Patrícia: “a missão foi surpreendente, porque não estava à espera de muitas coisas que aconteceram. No isolamento, por exemplo, não temos qualquer ideia do que se passa lá fora, nem sequer se o nosso clube de futebol ganhou! Mas, por outro lado, sentimo-nos mais ligados uns aos outros, porque não temos mais ninguém.”
O Frederico disse-nos que uma das palavras que melhor descreve esta experiência é a amizade: “precisamos de comunicar de forma clara uns com os outros para que tudo corra bem, mas se somos amigos a comunicação torna-se bem mais fácil.”
Pedro também partilhou a sua experiência: “No início, no habitat, estava um pouco nervoso, mas depois foi ótimo. Aprendi que é importante seguir procedimentos e, quando trabalhamos em equipa, tudo se torna mais fácil.”
Os três jovens portugueses concordam: “A ciência é um tema que liga as pessoas. Mesmo que tenhamos opiniões diferentes sobre tudo o resto, podemos facilmente relacionar-nos por causa da nossa paixão, e o EXPLORE tem tudo a ver com isto.”
A professora Teresa Sousa, que acompanhou os alunos, acrescentou: “O projeto EXPLORE inspira sonhos e faz-nos acreditar no melhor que os jovens têm para dar. Os alunos não só aprofundaram os seus conhecimentos em ciência e engenharia, como também desenvolveram competências essenciais para a vida. Esta extraordinária aventura educativa deu-lhes uma perspetiva única sobre os desafios e recompensas da exploração espacial, e não tenho dúvidas de que moldará os seus caminhos futuros.”




Na missão, participaram ainda Anastasios Boutsikos, Angelika Mara e Nestoras-Eleftherios Lazoudis, todos da escola Ellinogermaniki Agogi, da Grécia, acompanhados pelo professor Konstantinos Nousis. E da Áustria, estiveram connosco os alunos Cecilia Tomczak, da Amadeus international School Vienna, Daniel Putschögl, do Europagymnasium Auhof Linz e Fabian Kuess do Bundes Real Gymnasium in der Au, acompanhados pela professora Andrea Muehlegger.
A presidente da Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz, Marta Prates, esteve presente na cerimónia de encerramento, para conhecer os alunos e visitar o habitat e o Centro de Apoio à Missão.

Os alunos tiveram de organizar entrevistas online com escolas austríacas e uma estação de rádio, a HitRadio OE3. Devido à natureza excecional desta missão análoga, o interesse dos meios de comunicação social foi imenso. A Agência Lusa disponibilizou um comunicado aos media portugueses e tivemos direito a destaque nas edições online do Público, Expresso e Forbes Portugal, bem como em muitos outros jornais, revistas e plataformas de informação online, de norte a sul do país. No penúltimo dia da missão, contámos com a presença da SIC para a realização de uma reportagem que passou no jornal da tarde de domingo, bem como na SIC Notícias, e a TVI esteve presente no último dia. Os alunos portugueses irão também participar no programa Radar XS, da RTP.
A próxima missão EXPLORE está agendada para 2026. Os professores interessados em oferecer aos seus alunos esta experiência transformadora no mundo das missões análogas estão convidados a candidatar-se através do site do EXPLORE em: https://explore-project.eu/join-explore/
Algumas fotos da Missão:









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(Partes deste artigo foram adaptadas de um Comunicado de Imprensa EXPLORE – COSPAR)